Invadiram moradia e enfiaram gorro na cabeça de António Macedo, de 73 anos, com fita adesiva à volta. Morreu de falta de ar, no chão da sua garagem.
António Macedo, reformado da Lisnave, abriu as portas
da sua moradia mal acordou. E logo aí, às 07h00 de ontem, o idoso de 73
anos viu-se cercado pelos três homens de pistola em punho – que o
empurraram para dentro e sequestraram a sua família, na Sobreda da
Caparica, Almada. A mulher e o filho guiaram os assaltantes aos bens de
valor, enquanto António foi amarrado no chão da garagem – com um gorro
na cabeça e fita adesiva à volta. Acabou por morrer asfixiado.
Quando
o gang fugiu, deixou Teresa e Paulo Macedo, mulher e filho mais velho
de António, trancados na casa de banho. Teresa gritou por socorro, um
vizinho de outra casa ouviu e correu a libertar as vítimas – numa altura
em que António já não tinha sinais vitais. A falta de ar matou-o.
A
PJ foi chamada ao local, tal como os meios de socorro, que já nada
puderam fazer pelo homem de 73 anos. Pela descrição da mulher e do filho
da vítima, em choque, "os assaltantes falaram pouco, mas pela pronúncia
seriam brasileiros", disse ontem ao CM António Joaquim Silva, primo do
casal. Pouco mais conseguem dizer sobre o gang, que estava encapuzado e
fugiu com um anel de ouro, 500 euros, um telemóvel de Teresa e as chaves
da moradia. Um dos ladrões foi descrito como sendo "baixo e gordo" e os
outros dois "muito esguios e altos". Fugiram a pé, desconhecendo-se se
de carro.
Quando a mulher e o filho chegaram ao pé
de António, depois de libertados pelo vizinho, este não respirava.
Estava deitado no chão da garagem, de cara parcialmente roxa. "Terá
morrido por asfixia. Esteve muitos minutos com o gorro na cabeça", disse
António Joaquim Silva.
A PJ de Setúbal assumiu a investigação e recolheu vestígios na moradia da família, na praceta da Quinta do Bau-Bau.
VIDA DE FAMÍLIA E TRABALHO NA MARGEM SUL
António
e Teresa Macedo conheceram-se na Lisnave, em Cacilhas, Almada, onde os
dois trabalhavam. Casaram, tendo ambos abandonado a empresa há cerca de
15 anos. Proprietário de um lote de terreno na praceta da Quinta do
Bau-Bau, na Sobreda de Caparica, o casal construiu há alguns anos a
moradia onde actualmente residia a família. Têm dois filhos. Entretanto,
António e Teresa Macedo abandonaram a exploração de um pequeno café na
Sobreda da Caparica. Ontem de manhã, estava com o casal o filho mais
velho, Paulo. O mais novo, José, encontrava-se de férias no Algarve, com
a namorada, tendo regressado à pressa a casa para se inteirar do
sucedido. Teresa, a viúva, teve de ser assistida pelos bombeiros após o
crime.
"FORAM MINUTOS DE VERDADEIRO TERROR NA CASA"
Familiares
e amigos do casal Macedo não se conformavam ontem com a extrema
violência com que decorreu o assalto que terminou na morte de António
Macedo. "Um assalto é sempre de censurar, mas podiam tê-lo feito sem
recorrer a tamanha violência", disse ao CM um familiar próximo do casal
ontem desfeito. António Joaquim Silva, primo do casal, disse mesmo ao
nosso jornal que, segundo a descrição de Teresa, a viúva, "um dos três
ladrões comandava os outros, mostrando ser mau". "Foram minutos de
verdadeiro terror naquela casa."
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