Falha apetite sexual
47 por cento das mulheres sente dificuldade em ter prazer. Mais um capítulo do ‘sexo e saúde’ para ler no CM
Cresce o número de pessoas que revelam estar insatisfeitas com a sua vida sexual. Há cada vez mais homens e, sobretudo, mulheres que são hipoactivos, ou seja, não têm vontade de praticar sexo. Segundo o primeiro estudo nacional sobre a prevalência de disfunções sexuais femininas, realizado pela Sociedade Portuguesa de Andrologia, 35% das mulheres são hipoactivas. A incidência pode, contudo, ser maior. Pedro Nobre, professor da Universidade de Aveiro, aponta para 47% o número de mulheres que podem sofrer de falta de apetite sexual. Cerca de 20% dos homens também confessam dificuldades no desejo.
A falta de desejo foi um dos temas mais abordados pelas participantes no Clube das Virgens, um espaço da internet criado por Margarida Menezes e que foi encerrado quando a fundadora, de 29 anos, perdeu a virgindade.
"Chegámos a ser 33 as mulheres inscritas no clube. Falava-se de desejo sexual de uma forma romântico, muito cor-de-rosa. A tal ponto que quando uma virgem participante, então com 32 anos, quis falar da masturbação recebi vários pedidos das outras virgens para que apagasse esse tópico da página", conta Margarida Menezes, que terminou a relação com o namorado pouco depois de perder a virgindade.
"Ficaram ofendidas por se falar de masturbação. Pensaram até que fosse um homem infiltrado no clube", acrescentou. O medo da dor da penetração era outro dos temas mais falados. Margarida Menezes confessou que ela própria sentiu medo de uma simples ida ao ginecologista.
O psiquiatra e sexólogo Alan Gomes explica que para além dos problemas na fase do desejo (hipoactivos) há também dificuldades em ambos os sexos na fase da excitação (erecção) e do orgasmo. O sexólogo Júlio Machado Vaz sublinha que na fase mais grave da doença, os hipoactivos chegam mesmo a ter aversão pelo sexo. As dificuldades sexuais entre os mais jovens são de tal modo graves que o director-geral de Saúde, Francisco George, afirmou que a insatisfação sexual entre a população universitária "é preocupante".
Perder o medo à excitação
A mulher que sofre de vaginismo "pode demorar meses a ganhar confiança para introduzir um dedo na vagina", disse o sexólogo José Pacheco. O sofrimento provocado pela penetração do pénis é o motivo que leva mais mulheres às consultas de Sexologia, referiu o psicólogo. As consultas resultam num conjunto de etapas, com o objectivo de que a mulher "possa descontrair a vagina", acrescentou José Pacheco. O psicólogo clínico disse ainda que, "normalmente, a mulher começa por fazer tentativas em que ela descontrai sozinha. Seja com a introdução de uma espécie de velas, ou com a introdução dos próprios dedos, depende de como a mulher quiser". "Ela tem é de começar com o mais simples, com o mais fininho", sublinhou o especialista. "No fundo, este processo visa que ela consiga tolerar objectos estranhos dentro da vagina, que é isso que lhe causa medo e provoca o vaginismo", acrescentou.
Raparigas recorrem ao médico por dores
As mulheres mais jovens, com idades entre os 17 e os 20 anos, recorrem ao médico depois de sofrerem de vaginismo, 1, 2 ou 3 casos por mês. Não quer dizer que as mulheres não tenham orgasmos na masturbação e no sexo oral, mas não nas penetrações.
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