sexta-feira, julho 20, 2012

Mitos da estrada: o que pode e não pode fazer ao volante


AF

Conduzir de chinelos, descalço, em tronco nu ou mexer no telemóvel. E as mulheres, conduzem pior?


Se algum dia estiver prestes a ser multado por conduzir de chinelos pergunte ao agente da polícia qual a norma do código da estrada que está a infringir. Tome nota: não há nenhuma que o impeça. Este é, apenas, um dos vários casos de «leis inventadas» que vão passando de geração em geração e acabam por se tornar mitos das estradas.

Agora que está a chegar o Verão (pelo menos assim dita o calendário...) pode apetecer ir à praia com um calçado mais arejado. Pode fazê-lo no seu automóvel, porque não é proíbido. Fernando Ferreira é instrutor de condução há mais de 20 anos e tira todas as dúvidas. «Fala-se muito mas não há nada na legislação que o proíba», frisa. 

«Sejam chinelos, socas, sapatos com saltos...É verdade que não são o calçado mais aconselhável, o que tem a ver com a transpiração dos pés e a possibilidade de escorregar dos pedais. É melhor usar um calçado apertado atrás, mas não é obrigatório», explica ao Autoportal. 
Mitos da estrada: o que pode e não pode fazer ao volante
Portanto, os chinelos são aceitáveis. Mas tem de ter alguma coisa nos pés. Descalço é que não, certo? Errado. Também não há nada na lei que impeça um condutor de socorrer-se unicamente dos pés desnudos para controlar os pedais. 

«Há uns anos, no Algarve, a polícia estava a multar todos os condutores que estivessem descalços ou em chinelos. Aquilo intrigou-me, fui pesquisar e não encontrei nada. Perguntei a alguns colegas e a resposta foi sempre a mesma: nada. Quando acontecer algo do género o melhor é perguntar ao polícia qual o artigo da lei que está a infringir...», avisa o professor da escola portuense «Invicta». Só nos motociclos há legislação relacionada com o calçado e até o vestuário a utilizar.

Portanto, para os pés estamos conversados. E roupa? Pode usar o que quiser? E...se não usar nada? Pode conduzir em tronco nu, por exemplo? «No Código da Estrada nada impede. No Código Civil é diferente», explica o professor. 

De facto, aqui o caso varia conforme o sexo. Uma mulher em tronco nu pode ser acusada de crime se provocar um acidente. Pelo menos o juiz poderá socorrer-se disso para considerar um ato exibicionista que causou desordem no tráfego. Por isso...cuidadinho senhoras!

Homens ou mulheres: quem conduz melhor?

Os mitos das estradas não se resumem à indumentária. O uso do telemóvel é outro tema que levanta muitas dúvidas. É do conhecimento geral que é proibido telefonar ao volante. Mas não pense que por estar apenas a escrever uma mensagem ou até a ligar ou desligar o telemóvel se safa. 

«Não pode mexer no telemóvel seja para o que for. Só pode usar com kit mãos livres, o que é uma contradição da lei, porque para telefonar continua a ter de mexer no aparelho», lembra Fernando Ferreira. 

E não é só no telemóvel. Usar a alavanca das mudanças como apoio para a mão também é ilegal. Ou colocar um braço de fora do veículo. «Não é à toa que na instrução se aprende que as duas mãos devem ir no volante. Só podem ser usadas para manejar instrumentos do automóvel. É claro que só um polícia muito rigoroso vai multar por isso, mas a lei está do lado dele», avisa. 

Os mitos alastram-se à mecânica. Por exemplo, ao contrário do que muita gente acha, não é boa política fazer reduções quando se está a travar a fundo num carro com ABS. O sistema demora muito mais a «perceber» que tem de atuar. 

E colocar o carro em ponto morto numa descida também não ajuda a poupar combustível. «Não só é errado como é perigoso. Faça o teste do consumo instantâneo se tiver um computador de bordo», aconselha Fernando Ferreira. 

Para o final fica o mais velho dos mitos: os homens conduzem melhor do que as mulheres? A resposta foi...politicamente correta. «Há bons e maus em ambos os sexos», garantiu, antes de explicar aquela que entende ser a principal diferença.

«As mulheres tendem a ser mais cuidadosas. Os rapazes são mais dados ao facilitismo. E depois até acabam por cometer mais erros», conclui.

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