CM
Pedro Magrinho, presidente da Federação Nacional dos Sindicatos de Polícia (FENPOL), é um crítico feroz do actual modelo de gestão da PSP e defende que alguém de fora estaria imune a pressões corporativistas.
Correio da Manhã – Que análise faz do estado actual da PSP?
Pedro Magrinho – Mau,
a situação actual na PSP não tem precedentes. Estes três últimos anos
de gestão foram catastróficos, para os quais contribuiu de forma
significativa o novo Estatuto dos Profissionais da PSP. Por exemplo,
nunca se ouviu falar em dívidas à Segurança Social e agora é uma
realidade.
– E quem é o responsável?
–
Quem gere a PSP. Inclui-se o director nacional, directores nacionais
adjuntos e por aí em diante. Se fosse uma empresa privada, estava
falida.
– Qual a sua opinião sobre o novo director, Guedes da Silva?
–
É mais do mesmo, foi o número dois do anterior director e participou em
todas as decisões que conduziram a PSP ao estado actual. Não apresentou
quaisquer soluções para resolver a situação interna da instituição, nem
objectivos no tocante ao combate à criminalidade violenta. É por isso
que acho que devia demitir-se. O ideal seria que fosse um civil a
dirigir a PSP.
– Não é um regresso ao passado? Quando era dirigida por um civil defendeu-se o contrário.
– Defendeu-se isso, mas estes últimos três anos de gestão por parte de um director oriundo da polícia foram catastróficos.
– Mas porquê um civil?
– Estaria mais imune a pressões corporativistas.
– Alguém fora da corporação também pode ser influenciável.
–
Quando tivemos directores oriundos da magistratura, essencialmente, não
assistimos a algumas situações como agora. Nunca tivemos despesismos
nem dinheiro mal gasto.
– Quem é afinal o tipo de pessoa ideal para dirigir a PSP?
– Alguém com o perfil de uma Maria José Morgado ou de um juiz Carlos Alexandre. A PSP ficaria bem entregue a estas pessoas.
"RETIRAVA AS VIATURAS DE SERVIÇO AOS COMANDANTES"
CM – Fala em gastos excessivos na PSP. Onde se pode cortar?
Pedro Magrinho –
Retirava as viaturas de serviço a todos os comandantes que têm viatura
distribuída. As viaturas só poderiam ser utilizadas em serviço oficial e
durante o horário de serviço. As despesas de representação eram apenas
aquelas que sejam devidamente justificadas. Cessava praticamente todas
as comissões extraordinárias de serviço e inviabilizava as graduações. O
Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna [que forma
os oficiais] também pode ser incluído na Escola Prática de Polícia
[onde os agentes são formados].
"POLÍCIA É UMA ORGANIZAÇÃO DESORGANIZADA"
CM – Traça um cenário de confusão total na PSP...
Pedro Magrinho –Completamente, a vários níveis. A polícia neste momento é uma organização desorganizada.
– A segurança das pessoas está assegurada?
–
Penso que a segurança das pessoas ainda não está afectada, mesmo com
esta desorganização. Agora, não tenho dúvidas de que isto, com esta
desorganização, e com as medidas tomadas que afectam directamente os
polícias, pode vir a comprometer a segurança das pessoas no futuro.
– E como se sentem os polícias?
– A desmotivação é cada vez maior.
"FISCALIZAÇÃO APERTADA À GESTÃO DA PSP"
CM – Que avaliação faz do novo ministro da Administração Interna, Miguel Macedo?
Pedro Magrinho –Não tenho uma opinião formada, até porque ainda não o conheço.
– Mas o que espera que seja feito?
–
Que seja aberto ao diálogo com os sindicatos e nos possa ter como
verdadeiros parceiros sociais e não inimigos, como a própria Direcção
Nacional nos vê. Esta coragem tem de se manifestar numa fiscalização
apertada à PSP, pois só um controlo rigoroso e apertado da gestão da
polícia permitirá condicionar a adopção de comportamentos antigos e
mudar definitivamente a polícia.
PERFIL
Pedro
Magrinho, 35 anos, é presidente da FENPOL desde Janeiro deste ano. É
chefe e ocupa o cargo de supervisor Operacional na Divisão de Sintra. É
licenciado em Direito.
Esta gente não sabe o que quer. Primeiro, militares não, depois, civil não, da casa também não. Não há, nunca, ninguém que lhes agrade.
ResponderExcluirGostava de ver o Magrinho no lugar de DN para ver o que ele fazia. Fazia igual aos outros, claro.