terça-feira, agosto 30, 2011

Carta de desânimo

DESABAFOS

Sr. Primeiro-Ministro
Sr. Ministro de Estado e das Finanças
Sr. Ministro da Administração Interna
Exmo.(s). Senhor(es).
Na qualidade de cidadão português e na qualidade de profissional que pertence aos quadros da Polícia de Segurança Pública, nobre instituição centenária, garante da segurança de pessoas e bens e um dos pilares da democracia e do estado de direito;
Venho por esta via, dirigir-me a V/Ex.ª, dada a realidade política, social e a minha condição sócio-profissional que atingiram proporções inimagináveis.
Sou agente da Polícia de Segurança Pública desde 2000, entrei para esta instituição com espírito de dever e desde dessa data, desenvolvo as minhas funções com profissionalismo e dedicação. Mas também entrei com uma legítima perspectiva de carreira e de estatuto profissional.
Desde a data que me encontro na instituição P.S.P, passaram vários governos, vários ministros, vários responsáveis, aplicaram-se vários modelos, várias políticas, várias alterações, mas todas com um denominador comum, reflexos negativos do ponto de vista profissional e consequentemente reflectidos no aspecto motivacional, o que aliado às políticas gerais, provocaram também reflexos em termos sociais.
Durante os onze anos que me ligam à instituição P.S.P, investi num curso superior, em diversas formações internas e externas, para valorização pessoal, mas também profissional.
Estes onze anos que me ligam à P.S.P ficam marcados por congelamentos, por cortes, por limitações, por alterações de regras, com a implementação de regras penalizadoras, em promoções e progressões, que culminou numa perspectiva de carreira totalmente gorada.
Neste mesmo período, as condições de trabalho pioraram, em instalações, em meios, em viaturas, em higiene e segurança no trabalho que nesta instituição nem tão pouco existe.
Encontro-me inserido numa instituição onde o mérito não é valorizado, onde a dedicação não é reconhecida, onde a formação de nada serve, onde as qualidades não são aproveitadas, onde não existe um modelo uniforme de trabalho, onde as leis não são cumpridas, onde impera a teoria da superioridade “artificial”, onde a comunicação interna é adulterada, onde os níveis de responsabilidade são aplicados desproporcionalmente, onde os regulamentos são aplicados mediante pessoas ou interesses, onde ninguém assume responsabilidades, onde não há “líderes”.
A P.S.P é ...
...Por tudo isto, demonstro respeitosamente, a minha profunda desilusão, desânimo e desmotivação, por ter sido mal tratado pelos sucessivos governos do meu país e por continuar a ser.
Respeitosamente.

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