Conheça a história de homem que tem de pagar para reaver o seu carro.
Arguido no processo ‘Reis da Mata', em Ovar, Rui Sousa viu ser-lhe apreendido o Mercedes C200 CDI, após buscas das autoridades. Agora absolvido, pediu para reaver o automóvel, mas foi surpreendido: o carro esteve ao serviço do Estado e, para levantar o veículo, Rui Sousa terá de pagar quase quatro mil euros pelas despesas realizadas, entretanto, no Mercedes.
Rui Sousa foi um dos acusados no processo ‘Reis da Mata', caso que envolvia crimes como lenocínio, extorsão e coacção de prostitutas. Absolvido e sem recurso da parte do Ministério Público, Rui reclamou, há cerca de um ano, a devolução dos bens apreendidos, como o Mercedes C200 CDI.
Esta semana, Rui Sousa ficou a saber que o seu automóvel fora encaminhado, primeiro, para o agora extinto Governo Civil de Viseu. Entre 31 de Março e 27 de Maio de 2011, este organismo gastou 1250 euros com manutenção e melhorias do veículo. Segundo a Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP), os mais de sete mil quilómetros efectuados provocaram uma desvalorização a favor do proprietário de 1205 euros. Ou seja, Rui Sousa fica apenas com 45 euros para pagar.
Posteriormente, o Mercedes transitou para o gabinete do ministro adjunto e dos Assuntos Parlamentares, Miguel Relvas. Nas facturas de 12 de Março deste ano até 25 de Julho, o organismo apresenta gastos de cerca de cinco mil euros. Contudo, a ANCP apenas deu como justificados cerca de 4200 euros investidos. O gabinete de Relvas andou quase três mil quilómetros com o Mercedes, o que causou uma desvalorização de 357 euros. Contas feitas às despesas dos dois organismos, Rui terá de pagar 3916 euros para reaver o seu Mercedes.
Ao que o CM apurou, Rui Sousa recusa-se a pagar o referido valor e pondera mesmo agir judicialmente contra o Estado.
VÁRIAS DESPESAS NÃO SERIAM NECESSÁRIAS
Nem todas as despesas apresentadas pelos dois organismos foram consideradas válidas pela Agência Nacional de Compras Públicas (ANCP).
Da parte do Governo Civil de Viseu, há facturas (total de 880 euros) que mencionam orçamentos que não constam no pedido. Já da parte do gabinete de Miguel Relvas, a substituição da bateria no período de garantia da anterior, a reparação de um rádio e mesmo a limpeza dos vidros (total de 735 euros) também não foram validadas.
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