Sr. Primeiro-Ministro
Sr. Ministro de Estado e das Finanças
Sr. Ministro da Administração Interna
Exmo.(s). Senhor(es).
Na qualidade de cidadão português e na qualidade de profissional que
pertence aos quadros da Polícia de Segurança Pública, nobre instituição
centenária, garante da segurança de pessoas e bens e um dos pilares da
democracia e do estado de direito;
Venho por esta via, dirigir-me a V/Ex.ª, dada a realidade política,
social e a minha condição sócio-profissional que atingiram proporções
inimagináveis.
Sou agente da Polícia de Segurança Pública desde 2000, entrei para
esta instituição com espírito de dever e desde dessa data, desenvolvo as
minhas funções com profissionalismo e dedicação. Mas também entrei com
uma legítima perspectiva de carreira e de estatuto profissional.
Desde a data que me encontro na instituição P.S.P, passaram vários
governos, vários ministros, vários responsáveis, aplicaram-se vários
modelos, várias políticas, várias alterações, mas todas com um
denominador comum, reflexos negativos do ponto de vista profissional e
consequentemente reflectidos no aspecto motivacional, o que aliado às
políticas gerais, provocaram também reflexos em termos sociais.
Durante os onze anos que me ligam à instituição P.S.P, investi num
curso superior, em diversas formações internas e externas, para
valorização pessoal, mas também profissional.
Estes onze anos que me ligam à P.S.P ficam marcados por
congelamentos, por cortes, por limitações, por alterações de regras, com
a implementação de regras penalizadoras, em promoções e progressões,
que culminou numa perspectiva de carreira totalmente gorada.
Neste mesmo período, as condições de trabalho pioraram, em
instalações, em meios, em viaturas, em higiene e segurança no trabalho
que nesta instituição nem tão pouco existe.
Encontro-me inserido numa instituição onde o mérito não é
valorizado, onde a dedicação não é reconhecida, onde a formação de nada
serve, onde as qualidades não são aproveitadas, onde não existe um
modelo uniforme de trabalho, onde as leis não são cumpridas, onde impera
a teoria da superioridade “artificial”, onde a comunicação interna é
adulterada, onde os níveis de responsabilidade são aplicados
desproporcionalmente, onde os regulamentos são aplicados mediante
pessoas ou interesses, onde ninguém assume responsabilidades, onde não
há “líderes”.
A P.S.P é ...
...Por tudo isto, demonstro respeitosamente, a minha profunda
desilusão, desânimo e desmotivação, por ter sido mal tratado pelos
sucessivos governos do meu país e por continuar a ser.
Respeitosamente.