quinta-feira, julho 29, 2010

Um suicídio e uma tentativa em dois dias nas forças de segurança

JN
Um agente da PSP pôs anteontem, quinta-feira, termo à vida. Ontem, sexta-feira, foi a vez de um militar da GNR tentar fazê-lo. As associações alertam para a organização e pressão da profissão, que, mesmo indirectamente, acabam por se reflectir na vida pessoal dos elementos...

Vidas sem horário
José Manageiro, da Associação Profissional da GNR, também alerta para as condições de trabalho. “Não há horários de referência, quem regula as pausas são as chefias e isso acaba em incompatibilidades familiares enormíssimas. A maior parte dos suicídios na GNR prende-se com motivos passionais, porque a instituição destrói a vida familiar”.
A mesma história da PSP, onde um fim-de-semana como o comum dos mortais só acontece de três em três meses e, com a falta de efectivos, nem sempre é cumprido, diz Paulo Rodrigues.
A GNR contabilizou seis suicídios em 2009, num universo de 23 mil pessoas. “É significativo, porque o comportamento de um elemento perante o cidadão não pode merecer qualquer dúvida sobre problemas psicológicos”.
José Manageiro lamenta que, numa “instituição militar muito rígida”, haja uma observação punitiva do comportamento dos elementos, mas não dos problemas. O próprio apoio psicológico só existe em Lisboa. Na PSP, há sete gabinetes pelo país, mas o diagnóstico é a falta prevenção. Em ambas as forças.
PSPA evolução dos suicídio não indica uma tendência. Desde 1998, foram 39, entre anos sem nenhum e anos com cinco ou seis. Foi o caso de 2005, ano em que foram alteradas as regras de pré-aposentação.
Motivos e idadesSão jovens na casa dos 30 anos com problemas passionais e agentes com mais de 50 e dificuldades financeiras.
DivórcioO desgaste e a pressão profissionais também se reflectem na taxa de divórcio: entre as mulheres da PSP é de 14,3%. Entre os homens é de 4,7%, superior ao resto da sociedade.
GNROs casos não são muito falados, por receio de afectar a imagem da instituição, garante José Manageiro. Foram 12 em 2008 e seis em 2009. Não há dados mais recentes.

Um comentário:

  1. as chefias estao mal habituadas. isto é um processo que tem raízes muito fundas. nas instituiçoes do genero, aos subordinados tudo se exige, sem que muitas das vezes se compense, no minimo, com aquilo a que tem direito...

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