quarta-feira, outubro 13, 2010

Polícias descontentes ponderam formas de luta

DN
Guarda Prisional, SEF e ASAE decidem amanhã se aderem à greve geral. PSP e GNR não podem fazer greve, mas os sindicatos já falam em juntar-se a acções reivindicativas
"Este é o pior momento histórico para as forças de segurança", comenta ao DN Paulo Rodrigues, o presidente da maior estrutura sindical da PSP, a ASPP/PSP. O plano de austeridade anunciado pelo Governo, com os cortes salariais de 3,5% a 10% a partir de vencimentos brutos superiores a 1500 euros, "vai afectar 18 mil em 22 mil agentes da PSP", adianta o dirigente. "Na PSP, mas também na GNR, os salários assentam em vários subsídios e suplementos. Estes cortes só não afectam os agentes nos primeiros e segundos escalões." Paulo Rodrigues vai mais longe: "Algumas medidas podem vir a fragilizar a segurança do País." E explica: "A PSP está cada vez mais envelhecida e a carreira tornou-se pouco atractiva. Já em 2008 havia falta de candidatos para o número de vagas e a PSP até foi obrigada a reduzir a idade de admissão dos 21 para os 19 anos." Preocupações que a ASPP/PSP vai trazer para a mesa no encontro agendado para amanhã com a tutela. "A PSP e a GNR não podem aderir à greve geral de 24 de Novembro mas as suas estruturas sindicais podem juntar-se a outras manifestações ou até organizar protestos próprios", sugeriu. Uma ideia também partilhada por José Manageiro, presidente da maior estrutura sindical na GNR, a APG (Associação dos Profissionais da Guarda). Numa reunião que decorreu ontem com o comandante- geral da GNR, Nélson dos Santos, a APG e a Associação Nacional dos Sargentos da GNR admitiram realizar protestos conjuntos com outras forças de segurança e participar em manifestações organizadas pelas centrais sindicais. Sobre o plano de austeridade, José Manageiro adiantou à Lusa que o congelamento das promoções vai afectar cinco mil militares que esperam há dois anos para ser promovidos. Também ontem de manhã decorreu uma reunião sindical conjunta entre sindicatos da PSP como a ASOP (Associação dos Oficiais da PSP), o SPP, o Sinapol e o Sup, com dois da GNR (As Associações de Sargentos da Guarda e Oficiais da Guarda). Exortam a tutela a aplicar os estatutos "que deviam ter entrado em vigor a 1 de Janeiro de 2010" e a "não congelar os novos ingressos na PSP e GNR", resumiu ao DN Hélder Andrade, presidente da ASOP.
PSP e GNR não podem fazer greve mas outras forças de segurança como ASAE, SEF e Guarda Prisional podem. Os guardas prisionais vão decidir já na quinta-feira se participam pela primeira vez numa greve geral na reunião da Comissão Coordenadora Permanente dos sindicatos das forças de segurança, coordenada por Paulo Rodrigues, com a CGTP. "Seria a nossa primeira greve geral. É uma possibilidade", disse ao DN o presidente do sindicato da guarda prisional, Jorge Alves. São 4400 guardas prisionais, "na maioria afectados pelas medidas de austeri- dade". Quinta-feira será o dia de todas as decisões, também para os dirigentes sindicais que representam os investigadores do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras e os inspectores da ASAE. Caso estas três forças de segurança decidam aderir à greve geral, o Governo poderá ter de recorrer ao instrumento da requisição civil, para assegurar os serviços mínimos de actividades fundamentais.

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