sexta-feira, outubro 22, 2010

Despesa: Cortes põem em causa novas admissões na PSP e na GNR

Diário de Notícias

Os sindicatos não percebem como é que o Governo anuncia mais 2000 polícias e propõe cortes na despesa com o pessoal.
Não é preciso fazer grandes contas para constatar que alguma coisa está errada na proposta de Orçamento que o Ministério da Administração Interna (MAI) define para as forças de segurança que tutela. O MAI atribui para as despesas com pessoal 576 milhões de euros à PSP e 735 milhões à GNR, o que representa uma diminuição de cerca de cem mil euros, face a 2010, cujo orçamento, na opinião dos sindicatos, já estava subavaliado.
O presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), de maior representatividade da PSP, questiona como "é possível esta redução quando o Governo garantiu que iriam ser admitidos mil novos agentes para a PSP e mil militares para a GNR, cujo recrutamento, aliás, está feito e com os cursos prestes a começar". Para Paulo Rodrigues, "alguma coisa está errada: ou há um erro nesta proposta ou, afinal, o ministério mentiu e não vai cumprir o que prometeu".
O texto do relatório do Orçamento foi lido à lupa, nomeadamente a parte em que diz que "a garantia da manutenção de efectivos apropriados ao cabal cumprimento das respectivas missões continuará a nortear política de recrutamento da GNR e da PSP". "Continuará?", questionam os sindicalistas. Quer dizer que, "se calhar, não são precisos mais? Senão, porque não foram mais claros no texto"? O dirigente da ASPP entende que "mais uma vez parece que o Governo está a brincar com os polícias" e subscreve até as palavras da ex-líder do PSD, Manuela Ferreira Leite, no início da semana: "Este é um Orçamento vigarista!"
Por outro lado, o que também está a preocupar é a redução global do orçamento das forças de segurança. O da PSP diminui 5,1%, o da GNR 6,2% e o do SEF 2,6%. "Não sei como vai ser isto possível", sustenta Paulo Rodrigues, "se na PSP se chega ao fim do primeiro trimestre já sem dinheiro para as despesas correntes." Os cortes ainda incomodam mais porque é proposto um aumento da despesa dos Governos Civis e dos Serviços de Apoio do MAI. O ministério não respondeu ao DN sobre estas dúvidas.

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