segunda-feira, março 28, 2011

Novo director da PSP enfrenta restrições orçamentais graves‎

Económico

Guilherme Guedes da Silva toma, hoje, posse como director nacional da PSP perante um cenário de dificuldades financeiras e de gestão de recursos.
As restrições orçamentais estão no topo da lista de problemas bicudos que o novo director nacional da PSP irá enfrentar a partir de hoje. Guilherme Guedes da Silva é empossado às 18h30 pelo ministro da Administração Interna, Rui Pereira, sucedendo a Oliveira Pereira de quem foi adjunto. E as dificuldades que o esperam não se esgotam na crise económica e política. Guedes da Silva vai defrontar-se também com a exigência de fazer cumprir o estatuto da polícia em vigor há um ano, e que mantém mais de 20 mil agentes fora das respectivas posições de remuneração e carreira.
"O papel da PSP no actual contexto de restrições económicas graves" é o principal desafio que se coloca ao novo director nacional, segundo uma fonte policial. "Essas dificuldades terão reflexos também no moral dos agentes da PSP", acrescentou a mesma fonte. Mas o que Guedes da Silva irá encontrar, hoje, é um mundo de desafios que atravessa as competências sobre a gestão do trânsito nas autarquias de Lisboa e Porto, mas também as que se referem à gestão policial dos aeroportos. A falta de verbas para enfrentar compromissos de curto prazo e garantir, em simultâneo, a eficácia operacional da polícia, junta-se à necessidade de melhorar a gestão de conflitos envolvendo grupos organizados: a PSP quer mais apoio da Justiça no aumento das interdições a adeptos perigosos em estádios de futebol. A actualização do fardamento dos agentes é outra questão problemática em aberto.
"O maior desafio do novo director nacional da PSP é fazer com que o Governo cumpra a lei", disse por seu lado Paulo Rodrigues, o presidente da Associação Sindical dos Profissionais de Polícia (ASPP), que representa mais de 11 mil agentes. Referia-se ao estatuto da PSP: "Estão 20 mil profissionais mal posicionados nas tabelas remuneratórias. Portanto, o superintendente-chefe Guedes da Silva vai ter um trabalho muito difícil como director nacional, designadamente com a aplicação desse estatuto da polícia que entrou em vigor em Janeiro de 2010", acrescentou Paulo Rodrigues.
O estatuto da polícia mantém mais de 20 mil agentes fora das respectivas posições de remuneração e carreira."O estatuto agravou as condições profissionais da polícia e houve um diálogo pouco sério da parte do Governo", disse ainda Paulo Rodrigues, acrescentando que "nunca foram" aceites quaisquer das propostas da ASPP. No plano do património, "foi feita alguma reconstrução de instalações, mas insuficiente", disse o responsável desta associação. "Houve sempre uma enorme vontade de reduzir verbas na PSP, mas, como sabemos, isso, por vezes, não pode ser feito", concluiu.
A cerimónia de posse do novo director nacional da PSP vai realizar-se no Ministério da Administração Interna. Guilherme Guedes da Silva substitui no cargo o superintendente-chefe Francisco Oliveira Pereira, que vai entrar na fase de pré-aposentação. O novo director desempenhava, até agora, funções de director nacional adjunto da PSP. Contactado pelo Diário Económico, Guedes da Silva preferiu não prestar declarações antes da tomada de posse.

Correio da Manhã - Jornal de Notícias

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