sábado, setembro 18, 2010

Polícias prometem greve de fome à porta das Finanças


Já há voluntários para o protesto que terá lugar na primeira semana de Outubro se não forem pagas as verbas previstas no novo estatuto da PSP, diz o Sindicato Unificado de Polícia

Vários agentes da PSP marcaram uma greve de fome, a começar na primeira semana de Outubro, à porta do Ministério das Finanças, para contestarem o não desbloqueamento de verbas para pagamento das remunerações previstas no novo Estatuto da PSP. É o mais recente episódio na contestação à Direcção Nacional da PSP, que já levou à intervenção da Confederação Europeia de Polícia (Eurocop).
"Na primeira semana de Outubro iremos ter vários agentes em greve de fome à porta do Ministério das Finanças para contestar o atraso nas promoções e no reposicionamento nos níveis remuneratórios", disse ao DN o presidente do Sindicato Unificado de Polícia (SUP).
"Para já, serão quatro polícias, mas esperamos que mais se juntem a este protesto devido ao descontentamento que grassa na PSP", declarou Peixoto Rodrigues. Os aderentes a esta forma de luta "são associados do SUP que se voluntariaram para este protesto e que estão dispostos a ir até ao limite das forças porque a razão assiste-lhes", adiantou.
O dirigente lembrou que "há mil polícias, já com curso de agente principal, a aguardar a progressão há quase um ano e só não são promovidos porque o Ministério das Finanças não liberta as verbas". O concurso caduca em Outubro e estes agentes "terão que fazer nova formação para serem promovidos", adiantou o presidente do SUP, que "responsabiliza politicamente" este Ministério pelo atraso nas promoções.
Outra razão de queixa prende-se com a mudança de índice remuneratório. "Há cinco mil agentes que não mudam de escalão há quase cinco anos". Um "descontentamento que advém da parcialidade ao graduar alguns oficiais e não adoptar o mesmo procedimento relativamente aos agentes e chefes", revelou o sindicalista. É que "a Direcção Nacional da PSP graduou alguns oficiais, para os quais existem verbas para serem promovidos enquanto agentes e subchefes marcam passo".
Mas na base do protesto está também "o novo horário de trabalho e cortes nos suplementos e subsídios". Actos e acções da Direcção Nacional da PSP que "não estão a ser fiscalizados pelo Ministério da Administração Interna", frisou Peixoto Rodrigues, pelo que "o SUP decidiu pedir a exoneração imediata do Director Nacional da PSP".
Já a direcção do Sindicato Nacional de Polícia (Sinapol), que ontem reuniu de emergência, decidiu "manter o pré-aviso de greve, decidido em assembleia geral e solicitar ao Director Nacional que suspenda preventivamente toda a direcção do Sinapol, com os consequentes processos disciplinares, sob pena de, se o não fizer, estar a ser faccioso sobre as reais motivações que originaram as medidas disciplinares" contra o presidente do Sinapol que foi suspenso preventivamente.
A suspensão daquele dirigente sindical levou mesmo à intervenção do Eurocop - organismo europeu que junta polícias de 25 países e é considerado parceiro social da União Europeia - que a classificou como "inaceitável". O presidente deste organismo apontou a "falta diálogo social em Portugal". Heinz Kiefer adiantou que os problemas na PSP e a suspensão de um dirigente sindical "estão a suscitar preocupações na Europa".

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