domingo, janeiro 08, 2012

O código maçon

CM


Leituras: ‘O Cilindro de Crísipo’ por António Faria
Com as sociedades secretas na ordem do dia, não podia ser mais oportuno o livro que António Faria escreveu e a Nova Vega editou sob título que, como todo o texto, dá que pensar: ‘O Cilindro de Crísipo’.
À semelhança de ‘O Código Da Vinci’, de Dan Brown, livro que liderou um exército de sucessores, trazendo as sociedades secretas para o centro do mundo e para os escaparates das livrarias, são mais os enigmas do que as revelações... Da sua leitura resultam mais perguntas do que respostas mas, segundo Crísipo e António Faria, é esse o melhor método para o melhor fim.

Antes do livro, porém, apresente-se a figura que lhe dá nome: Crísipo era um filósofo grego que ficou conhecido pelo discurso inflamado e complicado: “Dai-me as premissas que eu logo descobrirei as demonstrações”, dizia.... Entende-se melhor a analogia que nos leva ao cilindro: para um cilindro rolar é necessário um empurrão inicial, mas a causa do movimento reside na sua própria natureza.
António Faria, escritor, cineasta, doutor em Cultura Portuguesa e mestre em História dos Descobrimentos, apresenta o seu entendimento da Maçonaria como Crísipo apresentou o seu entendimento do cilindro. E concluem o mesmo: estamos perante uma natureza em movimento. Inquietante? Não depois de lido o livro!
Trata-se de um estudo, isento de compromissos e de preconceitos, sobre a história da Ordem e o seu papel na História de todos, membros e não membros. Neste contexto, o autor optou por não seguir qualquer ordem cronológica, privilegiando as ideias sobre os acontecimentos.
“A Maçonaria é tanto uma instituição como um método de acesso a valores que ela própria conserva e transmite”, lê-se.
A QUESTÃO POLÍTICA
A reflexão de António Faria contempla questões tão diversas como a tolerância e a religião, os meios de comunicação e a universalidade, mas é a questão política que prevalece e isto porque o lugar de alguma coisa ou de alguém na sociedade “é, essencialmente, um acto político”, escreve.
A Maçonaria chega a Portugal no séc. XVIII e traz consigo os valores do Humanismo que lhe servem de divisa e traduzem a causa maçónica: a liberdade, a igualdade, a fraternidade.
Nada disto parece compatível com o elitismo e o secretismo de que se reveste, mas o exercício do poder não é alheio à fundação da instituição. O único propósito é influenciá-lo no sentido de promover um modo de vida diferente que não sacrifique o associativismo à actividade lucrativa. Em “como exercer a obrigação de se ser diferente”, alega, reside a sua natureza secreta. 
A reunião dos membros, a propriedade intelectual e um alto nível de integração espiritual são, até hoje, premissas do ‘código maçon’, de que a elite secreta surge como consequência e não causa... Será?
“Dai-me as premissas que eu logo descobrirei as demonstrações”: à semelhança de Crísipo foi o que fez António Faria. Fica o leitor convidado a fazer o mesmo. 
SECRETISMOS
O desconhecido tem os seus encantos e o secretismo estimula a curiosidade de qualquer um... antes e depois de Dan Brown! Resultado: nunca antes como agora as sociedades secretas o foram tão pouco, a avaliar pelos escaparates das livrarias. 
Estão neste caso ‘Os Caminhos Ocultos do Ocidente’ (ed. Pergaminho), de José Medeiros, e ‘Do Secreto ao Discreto’ (ed. SeteCaminhos), de Bruno Miguel Nunes e Frederico Bérnard de Carvalho. Trata o primeiro da ordem e dos ciclos da Atlântida aos Neotemplários, tal como o segundo, da história da Maçonaria em Portugal.

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