Económico
Situação é grave e “tende a aumentar”, deixando marcas sociais e familiares.
O secretário-geral dos Serviços Sociais da PSP, superintendente
José Torres, explica em entrevista ao Diário Económico que não é apenas a
crise a responsável pelo aumento dos pedidos de ajuda apresentados
pelos polícias. Também as questões familiares e de pobreza estrutural
contribuem, segundo este oficial da PSP, para o difícil estado das
coisas. O valor médio dos pedidos de empréstimo elevou-se dos 2.800
euros em 2010 para os 3.600 euros este ano. O pagamento de dívidas
pessoais é a grande razão para estas auxílios a que, adianta José
Torres, recorrem também cada vez mais oficiais.
Quais são as principais razões para os pedidos de ajuda dos
polícias? E quanto aumentaram nos últimos meses e face ao período
homólogo?
Estima-se que o número de casos detectados de
urgência socio-económica aumente em 18% este ano face ao ano anterior,
podendo andar à volta dos 250. De acordo com os dados que detemos neste
momento, cerca de 73% das situações dizem respeito a problemas
económicos, a maioria dos quais de pura insuficiência de rendimentos
familiares. E esta percentagem está a aumentar. Além do motivo da crise
financeira, as situações de ruptura familiar, por divórcio, estão também
a aumentar. E associados a isso estão os pedidos de habitação social,
que também têm apresentado uma tendência de crescimento. O recurso aos
Serviços Sociais da PSP (SS PSP) faz-se por múltiplas razões como o
acesso a lares de estudantes ou às estâncias de férias, pedidos de
subsídios ou de empréstimos, pedidos de habitação social, etc. Mas
sobretudo através dos processos abertos pelo Gabinete de Acção Social
(GAS) dos Serviços Sociais da PSP perante casos graves sinalizados pela
hierarquia ou pelos próprios serviços no plano sócio-económico.
Também há oficiais da polícia a solicitar empréstimos por
problemas de incumprimento? E aumentaram esses pedidos, em que
dimensões?
Embora não sejam maioritários, longe disso,
detectamos um número crescente de pedidos de empréstimos por parte de
elementos da carreira de oficial de polícia. Sinal de que a crise também
está a atingir este estrato profissional. O número exacto não
conseguimos dizer, já que não fazemos distinção pelo posto ou categoria,
por uma questão de princípio.
Quais são os valores médios pedidos, em euros, e como comparam com os meses e anos anteriores?
O
valor médio tem vindo a aumentar, acompanhando o crescimento dos
montantes necessários para suprir as situações de carência. Estima-se
que esse valor médio de empréstimo ‘per capita' passe de 2.800 euros em
2010 para 3.600 em 2011, ou seja, um aumento de 29%. Repare-se que nos
empréstimos ordinários, de curto-prazo, o montante não pode ultrapassar o
valor do vencimento líquido do beneficiário, porque se destina a sanar
dificuldades conjunturais de tesouraria. Enquanto nos extraordinários,
de médio/longo-prazo, não existe teoricamente um limite de prazo ou de
montante de empréstimo.
Que taxas de juros são praticadas e como se equiparam às taxas normais do mercado?
A
taxa de juro implícita nestes empréstimos é de 5,2% ao ano. É uma taxa
fixa, podendo ser nula em casos que sejam considerados extremamente
graves do ponto de vista sócio-económico, depois de avaliação casuística
realizada pelos técnicos do GAS. Além disso, existe uma espécie de
prémio de risco que é pago à cabeça, no valor de 1% do total de crédito
concedido.
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