quarta-feira, novembro 23, 2011

Apoio psicológico a sete mil polícias

CM

Agente de 36 anos, do Barreiro, não conseguiu superar depressão e pôs termo à vida com pistola de serviço....

"Celso Catronga, 36 anos, pediu baixa médica um dia antes de morrer. Disparou um tiro na cabeça ontem de madrugada"

A prestar serviço na esquadra do Barreiro, o agente Celso Catronga, de 36 anos, não conseguiu superar uma depressão e ontem de madrugada pegou na arma de serviço e disparou um tiro na cabeça. Morreu a caminho do hospital.
Todos os anos, sete mil polícias, em média, recorrem ao Gabinete de Psicologia da PSP – o que representa praticamente um terço do efectivo policial (ao todo são 22 mil). O gabinete foi criado em 2001 e têm aumentado as consultas devido ao crescente número de pedidos de ajuda. Suicidaram-se este ano quatro polícias que estavam ao serviço. Todos eles atravessavam fases depressivas.
O agente Celso Catronga ainda não era seguido nas consultas de Psicologia, uma vez que tinha metido baixa médica no dia anterior a ter posto termo à vida. "O agente em questão não estava a ser acompanhado pelo Departamento de Psicologia da PSP, pois nada no seu comportamento indicava perturbações a esse nível", esclareceu ao CM fonte da Direcção Nacional da PSP.
Esta explicação choca com a opinião dos colegas de profissão, que há cerca de uma semana começaram a notar que "algo não estava bem".
"Há uma semana que ele andava a dizer que se ia matar. Tentámos apoiá-lo em tudo. Na semana passada, teve uma discussão com a mulher, porque estavam a avançar para um divórcio e ele não estava a aguentar", disse um colega ao CM. "Nessa altura, até chegou a pegar na arma à frente dela", diz a mesma fonte.
O agente Catronga é recordado como um "colega divertido e bom, que trabalhava com gosto". Deixa uma filha órfã de apenas 5 anos. O CM tentou contactar os familiares, mas sem sucesso. Os vizinhos não quiseram comentar o assunto.
SINDICATOS CRITICAM DEMORAM DAS CONSULTAS
Há muito que as associações sindicais da PSP pedem mais apoios e respostas mais céleres por parte da Direcção Nacional, confrontados com o desespero dos agentes. "Em média os agentes têm de esperar três semanas para ter o apoio dos Gabinetes de Psicologia. Recebemos pedidos de ajuda todos os dias. É difícil aguentar a pressão sem ter ajuda", disse ao CM António Ramos, presidente do Sindicato dos Profissionais de Polícia.
"Dezenas de polícias já acabaram com a vida porque se sentem sozinhos e abandonados. Para isso há muito que contratámos psicólogos que pomos logo à disposição de quem mais precisa. Estão disponíveis a toda a hora", finalizou António Ramos.
MÃE ENCONTRA GNR MORTO NO QUARTO EM CASA
Um militar da GNR do Comando de Viseu foi encontrado morto no seu quarto, pela mãe, ontem de manhã, em Adenodeiro, Castro Daire. António José Ferreira, de 35 anos, era casado com uma professora e deixa órfão um menino de seis anos.
O guarda sofria de depressão há três anos, e por isso foi transferido do quartel de São Pedro do Sul para a secretaria do comando de Viseu. Ontem, antes de regressar ao serviço após um período de férias, deixou sair a mulher para trabalhar, em Ovar, e enforcou-se com um cachecol no armário do quarto.

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