Uma pergunta simples - quem tem responsabilidades na compra de carros de combate e de material de guerra que ainda nem chegou? - não tem resposta. Não é normal.
Portugal, no auge de uma crise económica, quando decorre em Lisboa uma cimeira da NATO (pacífica e organizada), conseguiu armar a tradicional trapalhada.
Primeiro, encomendou seis carros de combate por um milhão de euros (além de uma série de armamento) para proteger as altas individualidades que se deslocaram a Lisboa para a cimeira da Aliança. Porém, chegaram os ilustres convidados, com o Presidente dos Estados Unidos à cabeça, e nada de blindados. Esta semana tivemos direito a um e talvez domingo chegue outro.
Num país com certo sentido de decência, alguém assumia as responsabilidades. Por cá assiste-se ao jogo do passa-culpas. Do Governo para o Comando da PSP e deste para o Governo Civil de Lisboa (não necessariamente por esta ordem, dependendo das circunstâncias). Ora, gastar dinheiro sem sentido, revelando uma tal desorganização que não se encontra um responsável, é o retrato menos recomendado para a circunstância atual. Mas quando começam a chegar ao país jornalistas de diversas proveniências para assistirem à queda do próximo país periférico do euro, é esta a melhor história que encontram quando contactam os seus colegas nacionais.
Claro que haverá justificações. Afinal, os carros de combate, que já existiam na GNR, eram necessários para entrar em bairros difíceis. Afinal, alguns fornecedores vão perder as encomendas... porém, todos entendem que tudo isto não passa de uma total desorientação à qual se vai dando a melhor justificação do momento. Por muito boas intenções que tivessem os que decidiram comprar os carros e armamento, perderam-se no único combate em que entraram: o da sua própria credibilidade.
O ataque ao euro
Sim, é verdade, como diz o ministro Santos Silva, que o que está principalmente em causa é o ataque ao euro e não propriamente à Economia portuguesa. É pena que tamanha lucidez não tenha existido antes... quando o Governo negava qualquer ataque e qualquer problema.
Mas há que dizer que o ataque se faz por aqui, como se fez pela Grécia e pela Irlanda (e se fará pela Espanha, depois) porque estas economias do euro são diferentes, para pior, claro.
Um espião privado
Jorge Silva Carvalho vai deixar a direção do SIED depois de 21 anos ligado à espionagem, e está a caminho da Ongoing. A apetência deste grupo por um quadro com tal manancial de informação não espanta, sobretudo porque vem de quem associa a informação aos negócios financeiros. O que brada aos céus é que profissionais destes ofícios não tenham cláusulas de salvaguarda que impeçam este tipo de contratações e salvaguardem o recato dos segredos a que tiveram acesso.
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