segunda-feira, dezembro 27, 2010

GOE na Costa do Marfim em missão secreta

CM

Doze portugueses resgatados por seis polícias do Grupo de Operações Especiais da PSP que partiram na sexta-feira de madrugada num avião militar das Nações Unidas.

A situação de grande instabilidade na Costa do Marfim mantinha até ontem doze portugueses sob a ameaça de uma guerra civil e o estalar da violência naquele país africano. Ao que o CM apurou, numa tentativa de evitar que o banho de sangue se alastrasse a cidadãos portugueses, o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) lançou, na sexta-feira de madrugada, um pedido de resgate. Seis polícias do Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP partiram poucas horas depois e devem aterrar hoje em Lisboa, já com os 12 portugueses.
A missão de alto risco está envolta em enorme secretismo por parte das autoridades portuguesas. Contactada pelo CM, fonte oficial da Direcção Nacional da PSP não reconheceu a partida dos agentes. No entanto, ao que o CM apurou, os polícias partiram da base militar de Figo Maduro, na Portela, num avião militar das Nações Unidas e fizeram escala em França e no Senegal. De acordo com fonte policial, os agentes que partiram para a Costa do Marfim eram os que se encontravam de prevenção naquela madrugada nas instalações da Unidade Especial de Polícia (UEP), em Belas, Sintra. Os polícias partiram apenas com as armas de defesa pessoal, sendo o resto do armamento assegurado pela embaixada de França, com a qual Portugal tem acordos.
Recorde-se que poucos dias antes, França, Alemanha e Portugal aconselharam os seus cidadãos a sair ou a não viajar para aquele país. Eduardo Saraiva, porta-voz da secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas, disse ao CM que até ontem não havia por parte dos portugueses a residir na Costa do Marfim qualquer pedido para sair do país. "Até agora ainda ninguém manifestou essa vontade, mas todos os portugueses estão alertados para, no caso de evacuação, se deslocarem à embaixada de França em Abidjan", referiu. Portugal não tem representação diplomática no país, sendo representado por Espanha.
De acordo com a ONU, entre 16 e 21 de Dezembro, dos confrontos entre apoiantes da oposição e do presidente Laurent Gbagbo, que recusa aceitar a vitória do rival Alassane Ouattara nas presidenciais, resultaram 173 mortos. Apoiantes de Ouattara asseguram que o conflito pós-eleitoral já provocou 745 vítimas mortais.
"RISCO É MENOR SENDO POLÍCIAS": General Loureiro dos Santos, ex-CEME (r)
Correio da Manhã – Como interpreta o facto desta missão ser feita por polícias e não militares?
Loureiro dos Santos – A ser verdade, se fossem militares isso poderia ser entendido como uma acção armada, como um conflito. Sendo polícias, esse risco é muito mais atenuado, é visto como alguém que intervém num cenário de insegurança.
– Quais são os riscos de uma missão deste género?
– Não conheço bem a situação, não sei se houve contactos com as autoridades. Se houve, os riscos são bem menores, não é visto como uma intrusão.
– Em condições destas o melhor é prevenir?
– É muito melhor prevenir que remediar. Um Estado tem a obrigação de zelar pelo interesse e segurança dos seus cidadãos. É preferível agir agora do que chegar a um cenário indesejável.
PORTUGAL RECOMENDA SAÍDA
O governo português aconselhou na semana passada os cidadãos nacionais residentes na Costa do Marfim a saírem quanto antes e desaconselhou as viagens para aquele país, face ao cenário de instabilidade e violência que se vive desde as presidenciais de Novembro.
O presidente cessante, Laurent Gbagbo, recusou-se a aceitar a vitória do seu opositor Alassane Ouattara, já reconhecida internacionalmente, dando origem a violentos confrontos entre apoiantes de ambos os candidatos. Só na última semana, segundo uma estimativa da ONU, terão sido mortas em Abidjan pelo menos 173 pessoas, na sua maioria apoiantes de Ouattara, que, por seu lado, fala em mais de 700 mortes.
Além de Portugal, também a França e a Alemanha apelaram na semana passada à saída dos seus cidadãos da Costa do Marfim devido ao risco de uma guerra civil.
GOE ESTEVE TRÊS ANOS NO IRAQUE
Vários operacionais do Grupo de Operações Especiais (GOE) da PSP estiveram em missão de paz no Iraque durante três anos. A missão considerada de "alto risco" começou em 2004 e terminou em 2007. Actualmente estão em missão 70 agentes da PSP, espalhados por vários países.
SEQUESTRO NO BES
Em Agosto de 2008 operacionais do Grupo de Operações Especiais (GOE) terminaram com o sequestro no BES de Campolide, Lisboa. Dois homens tomaram de assalto a dependência bancária durante mais de oito horas. Um dos assaltantes foi morto pelos agentes.

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